Sunday, December 20, 2009

A filha da floresta

A filha da floresta

1º livro da saga de Sevenwaters

Juliet Marillier

Editora: Bertrand

Preço: 17€06



“A filha da floresta” o primeiro livro da inicial trilogia de Sevenwaters é um livro que catapulta o leitor directamente para um mundo onde existe uma barreira entre fantasia, magia e realidade. Numa narrativa onde os contos de fadas tradicionais ganham uma nova vida, Juliet Marillier assume muitas vezes através da narradora e personagem principal Sorcha o papel de contadora de histórias. “A filha da floresta” conta a história de Sorcha, uma jovem que tem seis irmãos – Liam; Diarmird; Finbar; Conor; Padriac e Cormack - todos herdeiros de um reino em guerra com os bretões. Aliado ao facto que a mãe dos futuros herdeiros de Sevenwaters morrera no parto de Sorcha, o pai Colum encontra-se sempre ocupado em guerras para defender as fronteiras, enquanto os seus filhos são educados pelo ar livre da floresta e pelo padre Brian. Todos crescem felizes e cada um com um talento especial. A captura de um bretão irá ser a primeira grande aventura de Sorcha e Finbar que salvam o prisioneiro e tomam conta dele, mostrando Sorcha pela primeira vez como uma mulher diferente das outras da corte. O prisioneiro bretão representa o primeiro contacto que Sorcha terá de uma cultura diferente da dela, onde aprendemos várias histórias e lendas. Sorcha apesar de ainda ser uma criança demonstra um conhecimento bastante avançado na arte de curar e passa bastante tempo a cuidar do prisioneiro até que um dia os irmãos a vêm buscar a casa do padre Brian com a notícia que o pai irá casar com uma mulher – Lady Oonagh – uma bruxa que enfeitiçara Colum e aos poucos enfraquecera o reino de Sevenwaters. Os irmãos ao aperceberam-se das intenções da nova madrasta juntaram-se para a derrotar, mas o seu poder foi mais forte e transformou os irmãos de Sorcha em cisnes quando esta escapou com vida e ilesa para junto da floresta. Assustada e desorientada Sorcha pede ajuda à dama da floresta que aparece em seu auxílio e revela que para quebrar o feitiço Sorcha terá de fiar seis camisolas feitas de morugem para vestir nos seus irmãos quando estes se encontrassem com ela. Entretanto Sorcha estava proibida de falar e de contar a sua história por meio de gestos ou sinais. Sorcha dá assim inicio a sua aventura onde irá crescer aos poucos e poucos até vencer vários medos e a enfrentar vários desafios. Com um clima fantástico, mas também por vezes característico da Idade Média “a filha da floresta” conseguirá prender do inicio aos fim apesar de muitos reconhecerem a historia principal, ainda que o livro seja bom devido à parte da narrativa original. Para quem gosta de contos de fadas é um livro bastante bom, apresenta uma fantasia cuidada e até certo ponto moderada. O fim está bem construído de modo a ser lido em poucos momentos devido à emoção que transmite. Em alguns momentos fez-me recordar quando em adolescente esperava sempre que os pares românticos no fim beijassem-se depois de tanto tempo a lutarem por esse fim. Irei brevemente continuar a saga e mais tarde colocarei aqui a minha opinião. Para já deu-me uma enorme vontade de encomendar o “Wildwood dancing”.

Neverwhere - crítica

Neverwhere

Neil Gaiman

Editora: Presença

Preço: 13€46


Quando Richard Mayhew parecia ter a sua vida controlada no seu emprego fixo em Londres burocrático e o casamento com Jessica uma mulher quem em muito pouco tinha a ver com ele, um encontro repentino e estranho fez com que a vida da personagem mudasse para sempre. Richard Mayhew ajuda uma rapariga cheia de sangue saída não se sabe muito bem de onde, rompendo o casamento com a sua noiva após um ultimato desta. Richard Mayhew não parece ser um homem brilhante, mas apesar de tudo tem bom coração. Ao ajudar a rapariga vê-se envolvido em problemas especialmente com os dois senhores assassinos completamente sinistros e macabros – Croup e Vandemar – que conferem à narrativa um clima brilhante de terror. A rapariga, Lady Door, pede ajuda a Mayhew para ele encontrar um certo Marquês de Carabas (alusão clara à história do “Gato das Botas”), sendo este o único que a poderia ajudar. Mayhew descobre que existem duas Londres – uma Londres de Cima e Londres de Baixo e a única ligação entres estas duas é o movimentado metro. Richard Mayhew descobre um mundo estranho, desagradável, mas ao mesmo tempo que causa um fascínio na nossa imaginação. Os habitantes não são agradáveis nem muito pouco chegam a ser bonitos – existe o reino dos ratos, o reino dos corvos e ainda os “velvets” representações muito parecidas com os vampiros que sugam o calor humano. Mayhew vê-se de tal maneira envolvido na trama que deixa de existir para o seu mundo, passando somente a existir no mundo de Neverwhere. As personagens estão longe de serem agradáveis: se ao inicio o Marque de Carabas parece ser uma personagem de toda a confiança, ao longo da narrativa desconfiamos das suas intenções, o caçador que tudo indica ser uma pessoa de bons princípios e corajosa, não impede de ter os seus segredos. Nesta estranha viagem até Neverwhere a fuga da rotina para um lugar mágico encontra-se bem implica, sublinhando ainda a parte “dark” da prosa de Neil Gaiman que parece-me ser o seu forte. Após ter lido “The Graveyard Book” e agora “Neverwhere” parece-me muito difícil ler em Gaiman um mundo agradável, um mundo harmonioso. Gaiman serve-se dos sítios mais estranhos para criar uma história original e que prende ao leitor sem ser um “page turner”. “Neverwhere não é um livro onde o leitor deverá esperar que tudo corra pelo melhor, mas os crescentes obstáculos e personagens sujas e macabras fazem com que o fim seja o ideal e o perfeito. Em “Neverwhere” Neil Gaiman quase que nos tira a esperança para depois nos devolver, porque nem tudo na realidade por vezes tem de acabar mal ou como esperamos.

Wednesday, December 9, 2009

Livros para ler

Lista grande mas conto lê-los entre 2009 e metade de 2010:

- The sound and the fury: William Faulkner
- Beloved: Toni Morrison
- Faust: Goethe
- Decameron: Giovanni Boccaccio
- A divina comédia: Dante
- Beowulf
- O Processo: Kafka
- As mil e uma noites
- Paradise Lost: Milton
- O leitor: Schlink
- Effi Briest: Fontane
- 1984: George Orwell - lido
- Cemitério de pianos: José Luís Peixoto - lido
- Jerusalém: Gonçalo M. Tavares
- The grapes of wrath: John Steinbeck
- Pride and prejudice: Jane Austen
- The golden notebook: Doris Lessing
- Tropic of cancer: Henry Miller
- Madame Bovary: Gustav Flaubert

- Juliet Marillier:
A filha da floresta - lido
O filho das sombras - lido
Wildwood dancing - lido

- José Saramago:
Caim - lido
Memorial do Convento - lido
O ano da morte de Ricardo Reis

- António Lobo Antunes:
Os cus de judas
Eu hei-de amar uma pedra
O manual dos inquisidores

- Gabriel Gárcia Marquéz:
Cem anos de solidão
Amor em tempos de cólera
Memórias das minhas putas tristes - lido

- Neil Gaiman:
Coraline
Neverwhere - lido
Stardust

- J. R. R. Tolkien:
The legend of Sigurd & Gudrun - lido
The Hobbit - lido
The Children of Hurin

Por isso esperem algumas reviews destes livros nos próximos tempos :)

Tuesday, December 8, 2009

O que espera da Pérsia?


Morte na Pérsia
Annemarie Schwarzenbach

Editor: Tinta da China

Tradução: Isabel Castro Silva

Prefácio: Carlos Vaz Marques

Nº páginas: 144

Preço: 16€20



O título “Morte na Pérsia” pode alimentar na imaginação do autor um livro romântico com uma história envolvente, um daqueles romances que nos mete a chorar no fim… pois bem desengane-se! “Morte na Pérsia” é na verdade um livro de viagens onde a autora descreve as paisagens da Pérsia um local triste, com um clima insuportável, onde as suas memórias mais tristes aguardam-na. O livro está dividido em duas partes: a viagem concreta e a vida pessoal da autora. Sim meus caros não pensem que este livro é daqueles livros de viagens ocos que só compensará o seu dinheiro com as descrições e bajulações de um mundo exótico. A descrição de Annemarie é fiel à realidade ou não será bem assim? Por entre febres, doenças e analepses, Annemarie conta com a realidade para fugir à morte ou a um mundo interior desolado e morto. No entanto aquilo que encontra na Pérsia, uma espécie de refúgio, nada mais é que uma ilusão. A dependência da morfina acabou à uns tempos, mas o seu romance com Ialé aterroriza-lhe a alma… A morte é vista como substituta da felicidade… como é que Ialé e Schwarzenbach poderiam algum dia serem felizes?

“Morte na Pérsia” foi escrito nos anos 30, a autora tenta lutar contra o nazismo, no entanto sempre longe da Alemanha. Após uma vida de depressões, escândalos, drogas e tentativas de suicídio, morre tragicamente (e ironicamente) numa queda de bicicleta aos 34 anos, na Aústria

Citações do livro:

“Não me ouvia. Pensava em qualquer coisa muito distante.

Queríamos falar sobre a felicidade, e nem notámos que era na morte que pensávamos…”

“Descemos do cimo do desfiladeiro até ao vale, quase um abismo entre duas montanhas. Lá em baixo não havia nada, era um vale morto, muito distante do mundo, muito distante de plantas e árvores”

Thursday, December 3, 2009

Primeiras impressões do senhor Tolkien e dos seus Nibelungos


Não duvido que muita gente não se importasse de ter o senhor Tolkien como avô para contar as mais variadas histórias sobre cavaleiros, dragões e duendes. No entanto gostaria, pessoalmente, de ter o prazer pelo menos uma aula ou uma conferência. Que o senhor devia de ser bom já eu sabia, de facto existe muito pouca gente neste mundo que admite detestar o senhor (não quer dizer que não exista). Decidi também contrariar a maior parte das pessoas que começa o seu percurso literário de Tolkien com o famoso "Lord of the Rings" Quando soube que iam publicar um inédito que Tolkien escreveu sobre Völlsung saga decidi instigar e saciar a minha curiosidade de tudo o que era dito. Recebi o meu exemplar esta segunda-feira (versão Harback em inglês) e foi com entusiasmo que li o índice e verifiquei que iriam haver várias explicações sobre a dita obra. Antes que seja tarde e me perca em explicações e algumas quotes dos livros gostaria de adiantar-me com uma palavra aos fãs para dizer que apesar de haverem imensas explicações - LEIAM as explicações e tudo o que Christian Tolkien escreveu, de preferência com um lápis e uma folha ao lado. Podem achar algumas páginas aborrecidas no entanto existem algumas informações sobre estudos que Tolkien realizou que devem ler acima de tudo para entender a origem do poema etc. Se iniciarem a leitura do poema sem lerem isto não irão entender nada de nada e vão pensar que o Tolkien estava maluco quando escreveu aquilo... Os poemas são complicados devido à sua estrutura peculiar e penso que muita das aliterações tenham desaparecido com a tradução. Tentei traduzir umas poucas frases de modo a manter a ideia original, contudo parece-me uma tarefa somehow exequível mas que demoraria um certo tempo e uma odisseia pelo dicionário. O meu segundo concelho é: se tiverem conhecimentos bons de inglês (visto que o original tem algumas palavras "difíceis") leiam em inglês. Este é um daqueles livros que ler em português e ler inglês é como a água para o vinho, mesmo assim não estando 100% segura irei pegar num exemplar na FNAC para comprovar.

A minha primeira impressão foi talvez um bocado ingénua, pois estou a ler o livro em paralelo com os Nibelungos, mas sinto que quem não souber muito sobre a mitologia nórdica fica um bocado perdido no inicio com alguns Deuses. Mesmo assim, nada que a Wikipedia não resolva. E no fim do 1º poema tem mais umas páginas a explicar as lendas e coisas mais óbvias para quem não entendeu bem, por isso não se preocupem que nunca acabam de ler o livro a perceber "rien de rien" :)

"The Legend of Sigurd & Gudrun" é feita de paralelos entre estrofes brilhantes, principalmente os discursos de Brynhild que em muito me lembram os de Cleópatra na obra de Shakespeare, e algumas sem musicalidade. Creio que Tolkien não teve oportunidade de rever, mas é melhor rever, para não cair em erros desnecessários.

Deixo aqui algumas quotes do poema para terem uma noção de como é a versão original e talvez um pouco da personalidade de Brynhild :)

Sigurd: Wake thou! wake thou!
Wide is day light.
I ride to my realm
to array the feast."
Brynhild: Gunnar, Gunnar,
with gleaming eyes,
on day appointed
I shall drink with thee" (VIII, Brynhild Betrayed, 34)

"Then Gunnar offered
gold and silver
gold and silver
gleaming-hoarded.
Brynhild "Gunnar speak not
of gold and silver
swords were ne dearer
to slay my life" (IX Strife, 39)

"Gunnar: Brynhild, Brynhild
I better hold her
than all women
than all treasure.
I will life sooner leave
than love her now
that live lonely
for laughter of men." (IX Strife, 48)


Agora aventurar-me-ei pelo segundo poema, mais tarde deixarei uma espécie de resumo das várias secções e também mais algumas opiniões.

Wednesday, December 2, 2009

Golden afternoon



Little bread-and-butterflies kiss the tulips,
and the sun is like a toy balloon.
There are get up in the morning glories,
in the golden afternoon.
There are dizzy daffodils on the hillside,
strings of violets are all in tune,
Tiger lilies love the dandy lions,
in the golden afternoon,
the golden afternoon.
There are dog and caterpillars and a copper centipede,
where the lazy daisies love the very peaceful life they lead...
You can learn a lot of things from the flowers,
for especially in the month of June.
There's a wealth of happiness and romance,
all in the golden afternoon. ...
All in the golden afternoon,
the golden afternoon...