Thursday, August 27, 2009

Crónicas de uma gótica em Mirandela sem piscina - parte II


“Desculpe mas tem de sair, o quarto já foi alugado a outra pessoa”




“Paaaaaaai, posso tirar fotos?” passaram vinte minutos desde que saímos à pressa do acampamento, parecíamos bichinhos pequeninos, mas muito atarefados a carregar um carro (que teria de ser pequeno já que somos também bichitos pequenitos). Saímos de Mirandela (sim eu ainda estava em Mirandela) em 1 minuto… foi bastante fácil, seguimos a placa verde que dizia Porto-Bragança e depois seguimos a do Porto, e entretanto apareceu Vila Real… 150 kms até ao Porto. Isto faz-se num instante… mandar uma mensagem, mandar outra… já deve chegar… até admira ter rede aqui. Não se pode meter música no rádio porque nos montes não há nada para sintonizar, não se pode por cds porque os meus pais não gostam de Metallica, já não há cassetes… bons tempos… “paizinho vai devagar… antes chegar viva ao Porto…” “Está calada deixa-me concentrar”. A minha irmã acabou de dizer que queria ser escritora. Olhei para ela devagarinho com cara de anti-social-farta-deste-mundo, que saudades de quando era criança e podia dizer tudo o que me apetecia… eu se digo que quero ser escritora, lançam os cães, os gatos e ainda dois budas em cima de mim para eu pensar melhor. Riu e esperou pelo meu comentário, eu nem abri a boca. “Mãe estou a pensar numa história dramática”… ai Jesus “a sério amor?” … “pai olha a velocidade” “estejam caladas eu vou devagar… olhem este a dormir vou ultrapassar”…. Vamos morrer. Pensei para os meus botões (ainda que tivesse uma t-shirt preta com trinta graus lá para fora só para mostrar o quão hardcore sou): poderia fazer de conta que sou uma escritora e dizer que este monte de calhaus, numa terra onde não há shoppings e as lojas levam por uma saia 50€, inspiram-me. São pedras, bastantes pedras, no meio de algo verde com um cheiro enjoativo a azeite e azeitonas. Senti-me mais enjoada que inspirada. Chegamos a Vila Real… óptimo a partir daqui mais meia hora e estamos na civilização. Entramos na Auto-estrada, velocidade máxima 120km/h “mãe já sei como vai ser a minha história dramática!” “Ai que horror”… “ Pai… estamos quase a chegar” “Ai que saudades do Porto… olha era por aqui que o…”

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