Sunday, August 23, 2009

Lê-se mais, mas melhor?


Após ter lido a entrevista da escritora portuguesa Alice Vieira na revista do Jornal de Notícias (among other things) deparei-me (OUTRA VEZ) com a discussão de que "nunca foi tão fácil publicar um livro"... eu paro e penso: (vou tentar deixar os clássicos de lado) se hoje em dia, nem que seja através de publicações próprias ou online, como é que os leitores devem-se sentir ao verem-se entulhados de títulos, sinopses, nomes que a certo dia já não lhe dizem nada: "Conheces o fulano tal?"... "não, porque?" "Ah publicou um livro..." sim e? O facto de ser mais fácil de publicar livros (kinda ironic since ainda há uma certa ponta de sorte na escolha de publicação) faz com que haja dois problemas:
  • As hipóteses de EU publicar um livro são agora 100% maiores do que nos anos 30... 40... 50... 60... (calma eu não vou regressar ao passado)


  • No entanto como agora existe um publico bem mais abragente, as livrarias são invadidas por livros good e por livros "not so good"

Contudo não se deve pensar que é o fim do mundo da literatura (não senhora... estamos quase, ainda falta uns aninhos), mas estas coisas devem ser cíclicas, lembrem-se quantos livros também foram publicados antigamente (quando digo antigamente digo séculos, não anos) e quantos chegaram aos dias de hoje. Na verdade o problema da literatura pouco... "erudita" não está no facto de falta de profundidade. É verdade que muitas pessoas quando lêm um Nicholas Sparks, depois de lerem outro e outro já não tem pachorra para mais, no entanto digamos que Nicholas Sparks é assim um autor para mulher que gostem de telenovelas brasileiras e como lás nos States não devem ter isso, divertem-se a lerem os livros. O que acho que está profundamente errado é o facto de pessoas já adultas lerem livros que supostamente teriam interesse para jovens e acharem "uma obra de arte" mete-me um bocado de confusão. É como ir ver aqueles filmes para "teenagers" onde toda a gente já sabe como vai acabar mas mesmo assim ainda vamos ver, porque hey algum há-de ser bom. O mesmo se passa com a literatura hoje em dia: lemos muito, mas para chegarmos a uma obra mesmo boa precisamos de ler 30 maus. (sim estou a exagerar e ainda bem, meter paninhos quentes não ajuda)

Acho, que em 1º lugar uma boa educação nos jovens a nível literário é fundamental. No tempo em que eu andava no secundário já havia Harry Potter e esse sensacionalismo todo. Admito a minha prima lia bem mais livros que eu, se bem me lembro ela lia Marion Zimmer Bradley e outras coisas... e eu lá lia um livrito por ano para fazer a vontade à minha mãe que dizia sempre 'Tens que ler não podes estar enfiada o ano todo em frente da Playstation" (bons tempos minha gente) Por acaso era a minha mãe que me escolhia os livros dizia sempre 'olha quando tinha a tua idade gostei muito deste', e eu lá lia até que, à medida que ia crescendo ia dando livros cada vez mais fortes. Estupidamente gostava daqueles que eram mais fortes ou daqueles que não percebia nada (se não percebo é porque sou burrinha ou ainda não atingi maturidade)... identifiquei-me com Florbela Espanca aos 14 (raio de idade para se ler aquilo) e ainda no outro dia a minha mãe disse que isso quase se tornou uma obsessão para mim (é verdade, é verdade) Mas isto tudo para chegar ao fundo da questão: os pais ou até mesmo os professores incitam à leitura? Bem sei que lemos bastante quando somos pequeninos: as fábulas, os contos, ainda me lembro de muitas histórias que lia quando era piquena, mas apartir daí foi-se tudo. As hormonas não deixavam ler, achava que todos os clássicos eram irritantes, uma colega nossa leu "Romeu & Julieta" admitiu que era "uma seca". Sei que há diferentes livros para diferentes idades, mas não será que os professores (já que duvido que muitos pais façam iniciativas à leitura) tem um papel fundamental na formação de novos jovens leitores? Nunca nenhum professor me disse para ler o Alice in Wonderland, ou até mesmo no 10º teria venerado Edgar Allan Poe. Verdade seja dita que li bastante no meu 12º e isso viu-se nos resultados de algumas notas, mas quando agora ando a ler aos 20 livros por ano, cada vez que leio mal penso 'se eu não tivesse entrado na faculdade a esta hora não estava a ler isto'.

Isto tudo implica uma profunda reflexão com uma solução nunca à vista. Acho que tem de partir dos próprios escritores (que sejamos sinceros muitos escrevem para vender, não me venham com histórias) e dos próprios leitores que deveriam ser mais exigentes. É muito cedo para fazer um balanço, mas espero quando der aulas conseguir cativar os meus alunos para lerem de tudo um pouco (tanto fantasia, como terror, como romances).

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