Tuesday, February 9, 2010

Nómada

Nómada
The host
Stephenie Meyer



Li este livro em inícios de Setembro e escrevi a crítica mal acabei, mesmo assim nunca é tarde para actualizar as reviews.

Em primeiro lugar gostaria de acrescentar que a sra. Meyer não é nenhuma ignorante, mas durante a execução dos livros deve-se esquecer de muita coisa que aprendeu na faculdade. A autora pega em temas e símbolos brilhantes da literatura - condição humana, deserto, a sobrevivência aliada à mortalidade - e consegue destruir todo o seu valor banalizando estes temas.
Não irei adiantar muito sobre a história, mas é capaz de haver alguns spoilers depois de concluir tudo o que tenho a escrever vejo que partes omitir.
A história não é nada de especial, quem já viu filmes de ficção científica chega a achar algumas coisas demasiado ridículas (o facto de a "alma" já ter sido uma aranha, um urso, uma flor) e irá descobrir que aquilo de ficção científica tem de facto muito pouco. De facto "The host" é mais um ensaio, uma utopia banal sobre os humanos (somos frios, rudes, tempestuosos, violentos, tal como amáveis e generosos) e estas características tornam-nos tão afáveis e atraentes...

Não há muito a dizer sobre as personagens, a senhora Meyer volta a falhar um pouco nesse campo e o facto de o livro ser gigante não ajuda muito visto que já me esqueci de bastantes páginas, que provavelmente não serviam para rigorosamente nada. A Noa (não sei como está no original) é vista como uma "pessoa" perfeita (.... dejá-vou monsieur Edward?) não cede aos ímpetos da sua hospedeira Melanie e tenta sempre fazer o que está correcto; por sua vez Melanie recusa-se a ficar sem o corpo e luta com todas as suas forças. Depois temos Jared (sorry mrs. Meyer mas a personagem está tão mal construída) que se ele não dissesse "amo-te" tantas vezes a Melanie acharia que era uma personagem como outra qualquer e não o homem que está apaixonado por a humana), depois sobra-nos Ian e Jamie que desempenham um papel importante e claro Jeb. Tirando a paixoneta de Ian por Noa que só se nota para aí na página 500 e tal, acho que a senhora Meyer tentou meter o tema do amor muito à pressa e de uma maneira trapalhona.

O livro tem 800 e tal páginas (tradução) com frases por vezes completamente desnecessárias e forçadas:
"Doc, diz-me, por favor, que temos aqui uma maquineta que dê para gravar?
- Não. Lamento, Ian.
- Este momento deveria ficar registado. .... Isso era motivo suficiente para ter fazer acordar do choque"
(pág. 796)

"Franzi o sobrolho." - de facto esta expressão escusava de ter sido reciclada tantas vezes.

"Melanie resmungou em silêncio" não é que soe mal ... mas apenas falso...

A estrutura das frases e dos diálogos são simples, vocabulário limitado à excepção de meia-dúzia de palavras, e pensamentos pouco ou nada profundos. O fim está claro é o que todos esperam quando chegarem a meio do livro, mas curioso que mesmo quando Melanie tem o seu corpo de volta desaparece - não fala quase nada - enquanto Noa continua a descrever tudo de certa maneira acho que a mrs. Meyer acabou por aniquilar uma das personagens principais de modo inconsciente remetendo-a para o silêncio... Silêncio também sempre existente em Bella, que nunca se importa com nada.

As personagens femininas de S. Meyer são de facto muito pouco femininas, parecem recortadas dos tempos de Shakespeare, em que a mulher não tem opinião, nem escolha, simplesmente quer ser amada e acaba por haver um final feliz. O amor tem de vencer, mas as personagens acabam por não ter sumo nenhum.

Em suma, não é um livro memorável, não vale os 20... 17... 18€ que dão por ele, e passado algumas semanas vão-se esquecer de 90% do que leram. Quem leu a saga "Twilight" passa bem sem ler este. A senhora Meyer ainda tem muito que estudar e sem dúvida auto-controlo nas páginas. Acho que deveria escrever contos para começar a fazer uma selecção quando escrevesse estas histórias que cabiam muito bem em metade.

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