Mario Vargas Llosa
Colecção: Biblioteca Sábado
Após a separação de Rigoberto, um trabalhador de uma companhia de seguros, que vive uma vida interior dupla, de dia no seu trabalho e de noite fantasiando possíveis aventuras eróticas com a sua (ex)mulher. Enquanto Rigoberto é assombrado pelas saudades da mulher, Lucrecia sofre com as visitas do seu enteado, Fonchito, motivo da sua separação com Rigoberto, caracterizando esta criança como um demónio presa num corpo de criança, e a seduziu e desgraçou, pondo fim ao casamento feliz que durava já à onze anos. Fonchito desenvolve uma curiosa obsessão pelo pintor Egon Schiele e depois do colégio visita dona Lucrecia e partilha com ela todos os pormenores dos quadros e da vida de Schiele, tendo como missão juntar o "pápá" e a "madrasta" através do pintor. O leitor é guiado através das fantasias sexuais mais sórdidas, acompanhadas pela pintura, literatura e até música. Existe um mundo real que desvanece aos poucos para se misturar com as fantasias mais retorcidas da mente humana. Apesar de as fantasias não serem o principal motivo pela qual o leitor deixa ser conduzido pelas páginas, a história ficcional do possível entendimento entre Lucrecia e Rigoberto não apresenta qualquer solução definitiva. Não sabemos se Lucrecia e Rigoberto manter-se-ão afastados de Fonchito, de maneira a evitar a divisão do casal, porém os sentimentos de Lucrecia para com o enteado mantêm-se sempre ambivalentes: ora enche-se de cólera e tenta bater-lhe por atormentá-la, ora beija-o na testa e perdoa-lhe as traquinices. É um livro bonito, harmonioso, com uma escrita perfeita e hábil, embora as páginas pareciam multiplicar-se. Como primeira experiência com a literatura erótica devo dizer que foi bastante feliz a escolha deste livro.
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