Jane Austen iniciou a escrita de “Pride and Prejudice” em 1796, a que deu o nome inicialmente de “First impressions”. Apesar de ter sido inicialmente recusado, fora publicado em Janeiro de 1813 sendo o seu segundo livro a ser publicado, a seguir de “Sense and sensibility”. Jane Austen serve-se de uma história de amor para satirizar as classes sociais superiores, mas também inferiores. “Pride and prejudice” não é só a história de amor (quase impossível) entre Elizabeth Bennet e Mr. Darcy. Existe um leque de personagens, em que cada representa um estereótipo da sua classe: Mr. Collins tem uma relação de amizade com Lady de Bourgh, apesar do seu nível social inferior; a família Bennet relaciona-se com a família Bingley e com mr. Darcy apesar de serem “middle class”. Mrs. Bennet é uma personagem satirizada pelos seus comportamentos; o seu maior sonho é ver as cinco filhas casadas e quando esse desejo realiza-se não sabe quais dos genros são mais bonitos e ricos. Quando Lydia casa com Wickham, Mrs. Bennet espalha a notícia que a sua filha mais nova vai casar aos dezasseis anos. Contudo Elizabeth é a única que entende a tragédia da união da sua irmã com um homem hipócrita. Quando Jane aceita o pedido de casamento de Mr. Bingley, Mrs. Bennet não pensa na possível felicidade da filha, mas sim nos dez mil de rendimento que o futuro genro possui. Da mesma maneira Charlotte Lucas aceita o pedido de casamento de Mr. Collins, após ser recusado por Elizabeth, conferindo assim a ascensão social em troca do amor. Jane e Elizabeth são os dois exemplos de que o amor pode ultrapassar as diferenças sociais. O fim é sem dúvida feliz e cor-de-rosa, o que nos leva a pensar como seria se Lydia não tivesse casado com Wickham e tivesse manchado o nome da família. Honra e reputação são dois factores que tanto são satirizados, como levados a sério. Se Lydia não tivesse fugido com Wickham, o relacionamento de mr. Darcy com Elizabeth seria impossível, devido à mancha que os Bennet teriam de suportar. Mr. Darcy consegue, com sucesso, emendar os erros, para que a ponte da felicidade e do matrimónio se estabelecesse entre ele e Elizabeth. Esta quebra na harmonia será o único símbolo de perigo e ameaça presente em todo o livro. Se o leitor não se apercebe pelas lágrimas de Elizabeth, que a sua heroína está prestes a ser eliminada pela sociedade, Lydia tem, por sinal, o dom de conseguir afastar-se da sociedade de classes e honra. Ao fugir com Wickham, consegue libertar-se, por algum tempo deste sistema, enquanto Elizabeth e Jane sabem que para serem felizes têm de se manter fiel às regras da sociedade.
A relação de amor-ódio-orgulho entre mr. Darcy e Elizabeth será melhor caracterizada através das viagens. Sabemos que as viagens têm sempre um papel fulcral em toda a literatura e raras são as obras em que as viagens não estão presentes. Elizabeth, Jane e Lydia viajam durante o romance, mas são as viagens de Elizabeth que contribuem para o desenvolvimento da história. Na sua viagem até à casa de mr. Collins, mr. Darcy aparece e pede-a em casamento; na segunda viagem até Pemberley, os seus sentimentos por mr. Darcy começam a mudar e Elizabeth acha-o menos orgulhoso e mais natural, aliando a propriedade de Pemberley (calma) com a personalidade de Darcy e por último, a terceira viagem é marcada pelo encontro de mr. Darcy com Lydia.
Apesar de durante muito tempo “Pride and Prejduice” ter sido encarado como uma obra menor, o realismo e a crítica social aliada às duas histórias de amor revelam que “Pride and Prejudice” merece estar ao lado de outros livros pertencentes ao cânone literário. Jane Austen será uma leitura perfeita para quem gosta de finais felizes, sem superficialidades. Mais tarde Charlotte Brontë, com a sua personagem feminina Jane Eyre, conseguiria prender os leitores com o mesmo realismo e crítica.
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